quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Hipertensão Arterial

A medida da pressão arterial é o elemento-chave para o estabelecimento do diagnóstico da hipertensão arterial e a avaliação da eficácia do tratamento. A medida da pressão arterial deve ser realizada em toda avaliação de saúde, por médicos das diferentes especialidades e demais profissionais da área de saúde, todos devidamente treinados. Hipertensão arterial é uma doença crônica determinada por elevados níveis de pressão sanguínea nas artérias, o que exige do coração esforço maior do que o normal para fazer circular o sangue através dos vasos sanguíneos. A pressão sanguínea envolve duas medidas, sistólica e diastólica, referentes ao período em que o músculo cardíaco está contraído (sistólica) ou relaxado (diastólica). A pressão normal em repouso situa-se entre os 100 e 140 mmHg para a sistólica e entre 60 e 90 mmHg para a diastólica (WHO 2003). Abaixo está uma tabela de classificação da pressão arterial fornecida pela V diretrizes Brasileiras de hipertensão arterial, 2006.

 Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos)
Classificação
Pressão sistólica (mmHg)
Pressão diastólica (mmHg)
Ótima
< 120
< 80
Normal
< 130
< 85
Limítrofe
130-139
85-89
Hipertensão estágio 1
140-159
90-99
Hipertensão estágio 2
160-179
100-109
Hipertensão estágio 3
≥ 180
≥ 110
Hipertensão sistólica isolada
≥ 140
< 90
Quando as pressões sistólica e diastólica de um paciente situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial.

Segundo a V diretrizes Brasileiras de hipertensão arterial, a elevação da pressão arterial representa um fator de risco independente, linear e contínuo para doença cardiovascular (Lewington et al., 2003). A hipertensão arterial apresenta custos médicos e socioeconômicos elevados, decorrentes principalmente das suas complicações, tais como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular de extremidades. No Brasil, em 2003, 27,4% dos óbitos foram decorrentes de doenças cardiovasculares, atingindo 37% quando são excluídos os óbitos por causas mal definidas e a violência. A principal causa de morte em todas as regiões do Brasil é o acidente vascular cerebral, acometendo as mulheres em maior proporção (Lotufo 2005). A hipertensão arterial e as doenças relacionadas à pressão arterial são responsáveis por alta freqüência de internações. Insuficiência cardíaca é a principal causa de hospitalização entre as doenças cardiovasculares, sendo duas vezes mais freqüente que as internações por acidente vascular cerebral.

Também, segundo a V diretrizes Brasileiras de hipertensão arterial, os fatores de risco para hipertensão arterial são:

Idade: A pressão arterial aumenta linearmente com a idade (Vasan et al., 2001).

Sexo e etnia: A prevalência global de hipertensão entre homens (26,6%; IC 95% 26,0-27,2%) e mulheres (26,1%; IC 95% 25,5-26,6%) insinua que sexo não é um fator de risco para hipertensão. Estimativas globais sugerem taxas de hipertensão mais elevadas para homens até os 50 anos e para mulheres a partir da sexta década (Kearney et al., 2005). Hipertensão é mais prevalente em mulheres afrodescendentes com excesso de risco de hipertensão de até 130% em relação às mulheres brancas (Lessa 2001).

Fatores socioeconômicos: Nível socioeconômico mais baixo está associado a maior prevalência de hipertensão arterial e de fatores de risco para elevação da pressão arterial.  Hábitos dietéticos, incluindo consumo de sal e ingestão de álcool, índice de massa corpórea aumentado, estresse psicossocial, menor acesso aos cuidados de saúde e nível educacional são possíveis fatores associados (Drumond e Barros 1999).

Sal: O excesso de consumo de sódio contribui para a ocorrência de hipertensão arterial (Trials of Hypertension Prevention, Phase I 1992).

Obesidade: O excesso de massa corporal é um fator predisponente para a hipertensão, podendo ser responsável por 20% a 30% dos casos de hipertensão arterial16; 75% dos homens e 65% das mulheres apresentam hipertensão diretamente atribuível a sobrepeso e obesidade.

Álcool: O consumo elevado de bebidas alcoólicas como cerveja, vinho e destilados aumenta a pressão arterial. O efeito varia com o gênero, e a magnitude está associada à quantidade de etanol e à freqüência de ingestão (Stranges et al., 2004). O efeito do consumo leve a moderado de etanol não está definitivamente estabelecido. Verifica-se redução média de 3,3 mmHg (2,5 a 4,1 mmHg) na pressão sistólica e 2,0 mmHg (1,5 a 2,6 mmHg) na pressão diastólica com a redução no consumo de etanol (Xin et al., 2001).


Sedentarismo: O sedentarismo aumenta a incidência de hipertensão arterial. Indivíduos sedentários apresentam risco aproximado 30% maior de desenvolver hipertensão que os ativos (Paffenbarger et al., 1991; Fagard 2005). O exercício aeróbio apresenta efeito hipotensor maior em indivíduos hipertensos que normotensos (Whelton et al., 2002).

Para acessar o manual da V diretrizes de hipertensão arterial clique no endereço abaixo:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/v_diretrizes_brasileira_hipertensao_arterial_2006.pdf

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Disfunção Erétil, Doença Cardiovascular e Saúde do Homem

A disfunção erétil (DE) é a incapacidade de alcançar ou manter uma ereção suficiente e satisfatória no ato sexual (NIH 1993). O termo mais utilizado, inicialmente, para referir esta patologia era “impotência”. No entanto trata-se de uma designação com conotação depreciativa e não específica, tendo sido posteriormente substituída por disfunção erétil (Moreira et al., 2002). Esta desordem afeta cerca de 150 milhões de homens em todo o mundo, com estimativa de aumentar a prevalência para acima de 300 milhões até 2025 (Ayta, McKinlay, Krane , 1999). A DE aumenta com a idade afetando, de 5 a 10%, homens com idade de 40 anos e, 40 a 60%, homens com 70 anos (Feldman et al., 1994). Embora não seja letal, DE, compromete o bem-estar e a qualidade de vida.

A disfunção erétil partilha fatores de risco comuns com as doenças cardiovasculares (DCV), sendo que vários estudos clínicos têm mostrado que a DE prediz a presença e a extensão de aterosclerose (Peixoto 2012). A implementação de bons hábitos, que passam pela modificação dos estilos de vida – evitar o álcool e o tabaco, promover a atividade física regular – e o controle adequado da pressão arterial, da diabetes mellitus e de dislipidemias diminui a propensão para desenvolver DE (Perdigão et al., 2008). A DE é um sintoma e um alerta para doença vascular silenciosa. Um homem com disfunção erétil mas sem nenhum sintoma cardiovascular é um paciente cardíaco segundo a terceira conferência de Princeton (Princeton III) realizada em 2010. Essa mesma conferência enfatiza a importância da avaliação do risco cardiovascular em homens com DE, ou seja, medidas de glicose e lipídeos no sangue, bem como, medida de pressão arterial, teste ergométrico e eletrocardiograma para facilitar a estratificação de risco.

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) foi criada, no Brasil, pelo médico sanitarista José Gomes Temporão em março de 2008. Essa política propõe qualificar a atenção à saúde da população masculina na perspectiva de linhas de cuidado que resguardem a integralidade da atenção, ou seja, promover, prevenir e assistir os homens compreendendo suas particularidades (Vieira et al., 2011). A população masculina alvo da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem se estabeleceu na faixa etária de 25 a 59 anos que corresponde a 41,3 % da população masculina ou a 20% do total da população do Brasil. Essa população também corresponde a parcela preponderante da força produtiva, e exerce um significativo papel sociocultural e político. Aproximadamente 75% das enfermidades e agravos dessa população está concentrada em cinco grandes áreas especializadas: cardiologia, urologia, saúde mental, gastroenterologia e pneumologia (ministério da saúde 2008).

Vários estudos comparativos, entre homens e mulheres, têm comprovado o fato de que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas, e que morrem mais precocemente que as mulheres (Nardi et all, 2007; Courtenay, 2000; Laurenti et all, 2005; Luck et all, 2000). A despeito da maior vulnerabilidade e das altas taxas de morbimortalidade, os homens não buscam, como as mulheres, os serviços de atenção básica (Figueiredo, 2005; Pinheiro et all, 2002). Grande parte da não-adesão às medidas de atenção integral, por parte do homem, decorre das variáveis culturais. Os estereótipos de gênero, enraizados há séculos em nossa cultura patriarcal, potencializam práticas baseadas em crenças e valores do que é ser masculino. A doença é considerada como um sinal de fragilidade que os homens não reconhecem como inerentes à sua própria condição biológica. O homem julga-se invulnerável, o que acaba por contribuir para que ele cuide menos de si mesmo e se exponha mais às situações de risco (Keijzer, 2003; Schraiber 2005; Sabo, 2002; Bozon, 2003). A isto se acresce o fato de que o indivíduo tem medo que o médico descubra que algo vai mal com a sua saúde, o que põe em risco sua crença de invulnerabilidade (ministério da saúde 2008). Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária. A resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família, na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessas pessoas (ministério da saúde 2008).

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Bulhas Cardíacas

A atividade mecânica do coração produz uma série de fenômenos acústicos cuja interpretação adequada permite um conhecimento preciso das condições hemodinâmicas e anatômicas existentes tanto em estados normais como nos patológicos. Os ruídos cardíacos devem-se às vibrações que a atividade cardíaca ocasiona nas estruturas próprias do coração ou situadas em sua vizinhança imediata.
            Auscultar significa “ouvir” e, portanto, auscultar o coração significa avaliar a sua condição ao ouvir os seus sons. A ausculta é feita com o auxilio do estetoscópio e ouve-se com nitidez na área pré-cordial ( área torácica próxima ao coração). Os focos de ausculta são:Aórtico (A) ou área aórtica (Ao): 2o  espaço intercostal direito junto ao esterno. Nesse foco percebe-se a segunda bulha com maior nitidez. 
  • Pulmonar (P) ou área pulmonar (Ap): 2o espaço intercostal esquerdo junto ao esterno.
  • Tricúspide (T) ou área tricúspide: junto à borda esquerda do apêndice xifóide
  • Mitral (M) ou área mitral:  5o espaço intercostal esquerdo para dentro da linha médio­clavicular. Nesse foco percebe-se a primeira bulha com maior nitidez.
            Estas áreas de ausculta não correspondem à projeção das válvulas cardíacas mas representam zonas onde se auscultam com maior freqüência ou nitidez as bulhas ou os sopros originados nos orifícios correspondentes.
- Primeira bulha cardíaca é o som audível quando as válvulas atrioventriculares se fecham
- Segunda bulha cardíaca é o som audível quando as válvulas semilunares se fecham

ESQUEMA  COM OS FOCOS DE AUSCULTA PARA AS QUATRO VÁLVULAS CARDÍACAS


 
     http://estudmed.com.sapo.pt/ausculta/focos.htm                                         

    www.ebah.com.br

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O que a Fisiologia estuda?

A fisiologia estuda a homeostasia corporal. E o que é homeostasia corporal? é a manutenção do estado estacionário interno. E o que significa manter o estado estacionário? significa que apesar de todas as alterações que acontecem no meio em que vivemos o ambiente em que vivem nossas células permanece estável porque existem mecanismos celulares apropriados para manutenção dessa estabilidade. Estar estável não significa estar estático, ao contrário, a manutenção da estabilidade requer trabalho e gasto de energia.
Exemplo: A temperatura corporal normal está entre 36,5 e 37 °C independente se a temperatura ambiente for 40°C ou -2°C. Porque? porque na pele existem terminações nervosas, denominadas receptores sensoriais, dos quais participam os receptores de frio e de calor que identificam o aumento ou a diminuição da temperatura ambiente enviando tais informações ao Sistema Nervoso Central (SNC). O SNC, por sua vez, elabora respostas apropriadas para que a temperatura corporal seja mantida a 36,5 e 37°C. No calor as respostas são suar e deslocar o sangue para a pele (vasodilatação periférica) e no frio as respostas são tremor e atitudes comportamentais como procurar agasalho.

Bem Vindos

Olá,

O blog meio interno foi criado com o objetivo de discutir, estudar e orientar sobre fisiologia humana. Sejam todos bem vindos para participar deste blog !
Embora o blog tenha sido criado com o objetivo exposto acima, acho relevante incluir, além da fisiologia humana assuntos que nos informe sobre a situação do Brasil.

Saúde e Paz !

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