Envenenamento por escorpião é uma ocorrência freqüente e algumas vezes
fatal em paises tropicais e subtropicais. De acordo com o ministério da saúde,
no Brasil são registrados anualmente cerca de 8000 casos de envenenamento por
escorpião. No Brasil o gênero Tityus
é o mais importante sob o ponto de vista médico, sendo as principais espécies o T. serrulatus, T. bahiensis, T. cambridgei
e T. trivitatus, sobressaindo entre essas o T. serrulatus por ocasionar acidentes mais graves. A distribuição
geográfica dessa espécie abrange algumas regiões de Minas Gerais, São Paulo,
Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo. Entretanto, os acidentes são relatados
em todo o Brasil. A maioria dos casos de envenenamento acontece pela picada do
escorpião Tityus serrulatus. O Veneno
do escorpião Tityus serrulatus pode causar instabilidade dos principais
sistemas fisiológicos sobretudo em crianças e idosos. A gravidade dos sintomas depende da intensidade do envenenamento que segundo o
ministério da saude pode ser classificado como leve (dor no local da picada),
moderado (dor local ou manisfestações como vômito, agitação, prostração, sudorese,
taquipnéia, taquicardia e hipertensão arterial leve) ou grave (sintomas de
casos moderados mais falhas cardíacas, edema pulmonar e choque). Na maioria dos
casos graves de envenenamento por escorpião o edema pulmonar pode ser a causa
de morte (Campos et.al, 1979 e 1980; Amaral et al., 1993 e 1994; De Matos et
al., 1997). A
patogênese do edema pulmonar induzido pelo veneno escorpiônico é muito complexa
sendo decorrente dos mecanismos cardiogênicos e não cardiogênicos. Dentre os
fatores cardiogênicos incluem-se hipertensão arterial, aumento do retorno
venoso e insuficiência do miocárdio (Amaral et al., 1993). Os mecanismos não cardiogênicos são
conseqüência da liberação de substâncias vasoativas que podem levar ao aumento
da permeabilidade vascular (De Matos et al., 1997).Pacientes picados por escorpião desenvolvem uma resposta inflamatória
sistêmica e a liberação de citocinas
desempenha papel importante na patogênese dessa resposta inflamatória (Chowell et al., 2006, Ismail et al., 1995). Estudos
experimentais e em humanos demonstraram que os mediadores que podem ser
liberados através da resposta inflamatória após picada de escorpião inclui
cininas, eicosanóides, Fator ativador de plaquetas, NO (óxido nítrico), IL-1
(interleucina 1), IL-6 (interleucina 6), IL-8 (interleucina 8), IL-10
(interleucina 10), TNF-α (Fator
de necroso tumoral alfa), IFN-γ (interferon gama), e GM-CSF (Fator
Estimulador de Colônias de Granulócitos e Macrófagos) (Magalhães et al.,
1999; Petricevich 2004 e 2010, Petricevich et al., 2007, 2008).
A maioria dos
acidentes ocorre nos meses quentes e chuvosos (Ribeiro,Rodrigues e Jorge, 2002;
Nunes, Bevilacqua, Jardim, 2000), têm curso benigno e letalidade de 0,58%. Os
óbitos têm sido associados com maior freqüência a acidentes causados por Tityus
serrulatus em crianças abaixo de 14 anos (Ribeiro, Rodrigues e Jorge, 2002;
Ministério da Saúde 2001). Segundo Guerra et al., 2008, houve aumento do número
de notificações dos acidentes escorpiônicos de 2001 a 2005 em Minas Gerais,
nesse estudo, foram identificados como fatores com maior razão de chance de
evoluir para óbito: atraso para o primeiro atendimento, ser classificado como
grave e menor idade.Um estudo feito
por horta, Caldeira e Sares em 2007 em Montes Claros – MG em que foram
identificados 325 prontuários de crianças e adolescentes vítimas de picadas de
escorpião demonstrou que 14,8% foram de casos leves, 55,4% de casos moderados,
29,8% de casos graves e que as variáveis associadas com maior gravidade foram:
ausência de dor no local da picada, relato de sonolência à admissão e intervalo
maior que três horas entre o acidente e o atendimento hospitalar.
Os escorpiões são
animais carnívoros, alimentam-se principalmente de insetos possuem hábitos
noturnos, escondem-se durante o dia em locais escuros e úmidos (Ribeiro,
Rodrigues e Jorge, 2002; Ministério da Saúde 2001), podendo ser encontrados
dentro de casas, junto ao lixo doméstico, rodapés, porões e sótãos (Oliveira et
al., 1994). Podem chegar às residências através das galerias de esgotos (Cruz
et al., 1995). Os escorpiões Tityus serrulatus vivem de 3 a 5 anos e
podem sobreviver vários meses sem alimento e água. Reproduzem-se por
partenogênese (Cruz et al., 1995; Soares, de Azevedo, De Maria 2002). Essas
características tornam seu combate muito difícil e têm sido motivo de
preocupação, pois facilitam a dispersão da sua espécie.