terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Escorpionismo

Envenenamento por escorpião é uma ocorrência freqüente e algumas vezes fatal em paises tropicais e subtropicais. De acordo com o ministério da saúde, no Brasil são registrados anualmente cerca de 8000 casos de envenenamento por escorpião. No Brasil o gênero Tityus é o mais importante sob o ponto de vista médico, sendo as principais espécies o T. serrulatus, T. bahiensis, T. cambridgei e T. trivitatus, sobressaindo entre essas o T. serrulatus por ocasionar acidentes mais graves. A distribuição geográfica dessa espécie abrange algumas regiões de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo. Entretanto, os acidentes são relatados em todo o Brasil. A maioria dos casos de envenenamento acontece pela picada do escorpião Tityus serrulatus. O Veneno do escorpião Tityus serrulatus pode causar instabilidade dos principais sistemas fisiológicos sobretudo em crianças e idosos.  A gravidade dos sintomas depende  da intensidade do envenenamento que segundo o ministério da saude pode ser classificado como leve (dor no local da picada), moderado (dor local ou manisfestações como vômito, agitação, prostração, sudorese, taquipnéia, taquicardia e hipertensão arterial leve) ou grave (sintomas de casos moderados mais falhas cardíacas, edema pulmonar e choque). Na maioria dos casos graves de envenenamento por escorpião o edema pulmonar pode ser a causa de morte (Campos et.al, 1979 e 1980; Amaral et al., 1993 e 1994; De Matos et al., 1997). A patogênese do edema pulmonar induzido pelo veneno escorpiônico é muito complexa sendo decorrente dos mecanismos cardiogênicos e não cardiogênicos. Dentre os fatores cardiogênicos incluem-se hipertensão arterial, aumento do retorno venoso e insuficiência do miocárdio (Amaral et al., 1993).  Os mecanismos não cardiogênicos são conseqüência da liberação de substâncias vasoativas que podem levar ao aumento da permeabilidade vascular (De Matos et al., 1997).Pacientes picados por escorpião desenvolvem uma resposta inflamatória sistêmica e a  liberação de citocinas desempenha papel importante na patogênese dessa resposta inflamatória (Chowell  et al., 2006, Ismail et al., 1995). Estudos experimentais e em humanos demonstraram que os mediadores que podem ser liberados através da resposta inflamatória após picada de escorpião inclui cininas, eicosanóides, Fator ativador de plaquetas, NO (óxido nítrico), IL-1 (interleucina 1), IL-6 (interleucina 6), IL-8 (interleucina 8), IL-10 (interleucina 10), TNF-α (Fator de necroso tumoral alfa), IFN-γ (interferon gama), e GM-CSF (Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Macrófagos) (Magalhães et al., 1999; Petricevich 2004 e 2010, Petricevich et al., 2007, 2008).
A maioria dos acidentes ocorre nos meses quentes e chuvosos (Ribeiro,Rodrigues e Jorge, 2002; Nunes, Bevilacqua, Jardim, 2000), têm curso benigno e letalidade de 0,58%. Os óbitos têm sido associados com maior freqüência a acidentes causados por Tityus serrulatus em crianças abaixo de 14 anos (Ribeiro, Rodrigues e Jorge, 2002; Ministério da Saúde 2001). Segundo Guerra et al., 2008, houve aumento do número de notificações dos acidentes escorpiônicos de 2001 a 2005 em Minas Gerais, nesse estudo, foram identificados como fatores com maior razão de chance de evoluir para óbito: atraso para o primeiro atendimento, ser classificado como grave e menor idade.Um estudo feito por horta, Caldeira e Sares em 2007 em Montes Claros – MG em que foram identificados 325 prontuários de crianças e adolescentes vítimas de picadas de escorpião demonstrou que 14,8% foram de casos leves, 55,4% de casos moderados, 29,8% de casos graves e que as variáveis associadas com maior gravidade foram: ausência de dor no local da picada, relato de sonolência à admissão e intervalo maior que três horas entre o acidente e o atendimento hospitalar.

Os escorpiões são animais carnívoros, alimentam-se principalmente de insetos possuem hábitos noturnos, escondem-se durante o dia em locais escuros e úmidos (Ribeiro, Rodrigues e Jorge, 2002; Ministério da Saúde 2001), podendo ser encontrados dentro de casas, junto ao lixo doméstico, rodapés, porões e sótãos (Oliveira et al., 1994). Podem chegar às residências através das galerias de esgotos (Cruz et al., 1995). Os escorpiões Tityus serrulatus vivem de 3 a 5 anos e podem sobreviver vários meses sem alimento e água. Reproduzem-se por partenogênese (Cruz et al., 1995; Soares, de Azevedo, De Maria 2002). Essas características tornam seu combate muito difícil e têm sido motivo de preocupação, pois facilitam a dispersão da sua espécie.

Pesquisar este blog